quinta-feira, 12 de setembro de 2013

abô (omí-eró)







Dentro das nações de Candomblé, e até algumas umbandistas existem vários ebós que se destinam à limpeza do corpo e do espírito de um ser vivo. Eles servem para desmanchar tudo de ruim que existe nesse ser, desde o negativo de seu odú, até mesmo, trabalhos de magia negra que foram realizados contra ela.

Dentro desses ebós, existe como complemento, o banho de abô. Esse é preparado com várias ervas que são maceradas em água limpa, e seu processo é complexo: começamos com a escolha do dia em que vamos até a mata para recolhermos as ervas que deverão ser utilizadas na preparação desse banho.

Após a escolha do dia, tanto o zelador como as pessoas que vão lhe auxiliar, devem se resguardar por um período de três dias, sem sexo, bebida alcoólica ou qualquer outro elemento que “suje” seu corpo.

Na véspera de se ir à mata para recolher as ervas, deve-se preparar os presentes para Ossaim: mel, fumo de rolo picado, búzios, moedas e até suas comidas rituais a fim de que o mesmo nos permita retirar as folhas sagradas.

No dia seguinte antes do sol esquentar, as pessoas saem do barracão vestidas de branco, e sem conversar nada pertinente ao mundo, adentram na mata para recolherem as ervas que servirão para preparar o banho, que podem variar de caso para caso.

Após recolherem as ervas, as pessoas voltam para o barracão e deixam as folhas descansarem por um período de no mínimo seis horas para somente depois começarem a preparar o banho. Todo esse processo é restrito às pessoas devidamente preparadas e com tempo de feitura suficiente para se saber como se prepara o abô.

O banho de abô deve ser condicionado em um pote de barro, denominado porrão, também sagrado para os rituais de Candomblé seja ele de qualquer nação.

Assim o abô era feito antigamente, quando as casas de santo eram roças de orixá distante das cidades grandes e se tinha acesso à matas, e não se tinha acesso a carros, e outras tecnologias...

Após seu preparo o omin eró tem a função de limpar o corpo das pessoas e, no caso de iniciação é ele que vai trazer o Orixá para a terra. Nunca devemos usar esse banho com outra finalidade que não seja a de limpeza, pois seus fundamentos são muito grandes, e após tomarmos esse banho, nem mesmo caboclo ou outra entidade de Umbanda se incorpora em seu médium.

A maioria dos elementos rituais numa casa de santo são passados nos banhos de abô para sua purificação: alguidares, louças, fios, montagens, paramentas, artigos dos igbás, roupas, até o chão barracão é lavado com abô.

Muitos assistentes costumam ir nas casas de santo e levar numa garrafa abô para lavarem suas casas ou tomarem banho.

O banho de abô tem muita utilidade dentro do axé orixá, e casa nenhuma deve ficar sem o mesmo, pois sua força é muito grande e, ele tem a força para repelir qualquer aproximação inferior. Uma pessoa obsediada melhora imediatamente, e nenhum egun fica encostado no momento em que se joga o banho de abô. Se continuar passando mal é marmotagem e invenção da pessoa (animismo).

Espíritos errôneos jamais se aproximam de uma pessoa que toma esse banho, pois sua essência aproxima de forma direta o Orixá da pessoa e este jamais compactua com espíritos inferiores.


O ERÓ DO ABÔ:

As ervas escolhidas para a composição do abô são um segredo que varia de nação para nação, de zelador para zelador e por isso não se divulga essa seleção. Geralmente as ervas eró (frias) são as mais usadas, mas as quentes (gun), e as outras entram nessa composição para equilibrar também. A lista é muito extensa, variada e revelada somente aos iniciados nos cultos e pessoas graduadas hierarquicamente.

Com tempo o abô amadurece, as folhas imersas na água e o sumo das folhas começam a se decompor (responder) e este fica com um cheiro forte e característico. Diz-se os mais antigos que o cheiro forte do abô afugenta toda a negatividade.

Nunca se deve falar que “o abô fede” isso quizila a Ossain e o banho não surte efeito.

Em algumas casas o abô “come”, são feitos sacrifícios dentro do pote, ou quando Ossain come, vai um pouco de ejé dentro deste.

Em outras casas há a tradição de se beber o banho de abô (...) em alguns casos, tipo se a pessoa ingeriu bebidas alcoólicas antes de se chegar na casa de santo.

Em alguns templos umbandistas o abô é preparado com os temperos dos orixás como: orí, dendê, mel, sal, azeite, pemba.

Vale ressaltar que esses fundamentos são variáveis e não “via de regra” e estes são adotados conforme os preceitos e fundamentos dos zeladores e suas respectivas nações.

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