sábado, 16 de novembro de 2013

Amúnimúyè (Centratherum punctatum)Balainho-de-velho, perpétua-roxa, perpétua-do-mato









Conta a lenda que “Oxóssi, o grande caçador e rei da nação Ketu, foi avisado do perigo que corria ao percorrer todos os dias os domínios de Ossain. Este orixá, dono das “folhas” costumava prender junto a si aqueles que se aventuravam em suas matas. Certo dia, deu-se o encontro e Oxóssi bebeu da poção que Ossain lhe ofereceu, permanecendo junto a ele sem consciência de quem era, esquecendo sua família e seus afazeres. Havia tomado amúnimúyè, a “folha do esquecimento” ou “a que tira a consciência”” (PESSOA DE BARROS, 1994)

Balainho de velho (amúnimúyè)
A folha que nos referimos é conhecida nas casas de Candomblé como amúnimúyè, que significa “aquela que se apossa de uma pessoa e de sua inteligência”. Devido a suas propriedades mágicas é considerada importantíssima nos rituais de iniciação, onde, associada a outros componentes, irá facilitar o transe e permitir que o orixá se aproxime de seu filho. Embora esteja ligada ao transe, é considerada uma folha eró e não gún. Seu principal aspecto é masculino e seu elemento é o ar.

No Brasil o amúnimúyè é também conhecido pelos nomes balainho-de-velho, perpétua-roxa ou perpétua-do-mato. Em terras tupiniquins, a espécie original (Senecio abyssinicus) foi substituída pelo Centratherum punctatum, ambas pertencentes à família botânica Compositae, segundo nos informa Eduardo Abiodun.

Centratherum punctatum (Jardim Botânico do Rio de Janeiro)
Estudos das folhas de balainho-de-velho, baseados em análises fitoquímicas, revelaram a presença de, pelo menos 49 componentes, entre flavonóides, taninos e glicosídeos, dos quais os flavonóides apresentaram comprovada atividade antibacteriana. Outras substâncias abundantes nesses extratos vegetais foram os sesquiterpenos, presentes em diversos óleos essenciais. Além da ação antimicrobiana, o extrato de balainho-de-velho também apresentaria propriedades antioxidantes.

Senecio abyssinicus
Um fato interessante dessa planta é que ela se destaca como uma das principais flores visitadas pelas abelhas da espécie Apis mellifera, sendo excelente fornecedora de néctar, ajudando assim no aumento da produção de mel. Segundo é bem conhecido por todos no Candomblé, o mel é uma das principais kizilas (ewó/interdito) de Oxóssi.. Dizem que quando ele come mel, fica completamente perdido, sendo facilmente dominado.. Igual a Barú quando come ilá (quiabo).. Lembram da lenda que contamos? Ossain não era bobo e sempre carregava amúnimúyè em sua grande cabaça (igbá) do mistério.

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