quinta-feira, 30 de julho de 2015

Èèwò / Tabú / Quizila – Qual sua importância?


Egbé sempre, aqui no blog, somos perguntados sobre quebra de preceitos, quebra de tabu, romper com os èèwò e as preocupações inerentes a este assunto.
Uma das maiores preocupações de alguns sacerdotes é saber se o suplicante está correspondendo aos alertas enviados pelo oráculo. Pois, não pensem que sacerdote não se preocupa com a pessoa mesmo depois do ebo entregue.

A preocupação não deveria tomar este lugar especial, uma vez que a vontade e as decisões cartesianas pertencem a pessoa em questão.
Este poema de Ifá nos traz à reflexão para tentarmos desmontar os porquês de várias situações que não se concretizaram positivamente ou a favor do suplicante.
Alabahun, a Tartaruga, vai nos deliciar com está história que mostra a inconformidade do pensamento humano, a corrente humana que pensa que tudo pode, a ala dos que acham que fechou a porta do Ilè Ase, minha ‘obrigação’ está terminada.
Ainda temos muito que aprender, refletir e praticar.
Os enamorados pelo culto, os abian, os recém iniciados, os mais antiguinhos, os cascudos, os Oyè, os sacerdotes e mesmo os mais velhos. Todos sem exceção, deveriam refletir sobre o texto, trazer suas experiências, contribuir para este assunto que é muito, mas, muito sério mesmo.
Ele é mais sério que o ebo realizado. Ele pode lhe custar o esforça de uma vida inteira, toda dedicação em prol de um objetivo.
Apreciem no meio do texto, o papel de Èşù como instigador e provador de caráter. As tentações lançadas fazem parte de seu arsenal de bondades, pois, se você não consegue resistir a carne, a curiosidade, a um tipo de alimento, cor ou comportamento, você deve voltar ao fim da fila, nascer novamente e prestar atenção aos bons conselhos.
O que sempre dizemos:
Nossa religião não proíbe ninguém de nada. Somente dos excessos.
Os tabus são assuntos relacionados ao seu mapa astral, assim como todos dizem que respeitam seu Òrìșà, ao não respeitar seus tabus/èèwò/quizilas, seja lá o nome que você queira dar a ele, você estará desrespeitando não somente ao seu Òrìșà, como também a Ifá/Ọrúnmìlà que trabalhou para que você tivesse a oportunidade de viver em paz, com prosperidade, saúde e equilíbrio.
Estamos zombando de uma força maior?
Estamos desrespeitando uma energia imensurável?
Estamos nos tornando desleixados em relação a todo esforço oferecido em prol de uma vida melhor para nós e nossa família?
Acredito que o texto esteja ficando longo e não estamos em uma palestra.
Que todos possam neste novo ano yorùbá, ter as bênçãos de Ęlà Ìwòrì, Ifá, Ọrúnmìlà e Irunmolè/Òrìșà.
Òfún’sá e Ògúndá maa as sejam os conselheiros de todos neste ano que se inicia.

Ire Aláàfia.

Ese Ifá do Odù Òwónrín’ Ìrètè
A curiosidade da Tartaruga lhe deixou na pobreza.

Introdução

Òpè kute
Foi o Áwo que lançou
Ifá para a Tartaruga
Que sobe na palmeira
No dia em que iria coletar
Frutos no campo de ailerolodún
Ele que levou o Áwo à casa da riqueza
É o mesmo que o leva
A casa da pobreza
Que é a casa do pai da tartaruga

Explicação:

Aqui está Alabahun (Tartaruga) seu pai se dedicou a colher Eyin (fruto do Ikin).
Quando Alabahun cresceu, também se dedicou a mesma profissão. Ele foi com seus Áwo para saber se ele iria prosperar em sua profissão e eles lhe disseram que ele teria que realizar ebo, disseram que teria que oferecer uma de suas ferramentas de trabalho no ebó. Alabahun tinha dois machados e ele ofereceu um no ebó como lhe disseram seus Áwo.

Depois de realizar o ebó, ele foi trabalhar com a único machado que restava. Quando chegou ao lugar onde se encontravam as árvores de palma, começou a trabalhar portanto os ramos de Eyin e quando havia somente um ramo em uma palma que se encontrava na beira do rio, Alabahun começou a cortar a penca e quando estava cortando o machado saiu de mão e caiu dentro do rio. Alabahun ficou chateado quando seu machado caiu no rio e disse:
Por que foi cair logo agora, quando faltava apenas uma penca para retirar?
Como vou me cobrar, se não terminar de colher e completar meu trabalho?

Alabahun desceu da palma para tentar encontrar seu machado e entrou na água, a correnteza o puxou e o arrastou até uma aldeia 9dentro da água). Nesta cidade, a maioria dos habitantes eram mulheres, muitas mulheres e de várias tonalidades de pele, dudu (negras), fun fun (brancas), pupa (rosadas), ayirin (várias cores) e também muito dinheiro, uma incalculável soma de dinheiro. Ao cair, Alabahun, naquela cidade, as pessoas daquele local não tinham um líder e já lhes haviam dito que eles encontrariam uma pessoa de fora da comunidade (estrangeiro) que iria ocupar este posto.

Por isso quando Alabahun chegou a esta cidade, todos os habitantes foram atrás dele e o agarraram e Alabahun não sabia o porquê. Ele se assustou pensando que ele seria agredido e disse?
O que eu fiz para vocês?
Elas o levaram e o sentaram no trono do rei e ali lhe deram dinheiro, mulheres e etc.
Nesta cidade não havia nenhum homem e Alabahun havia sido o único que havia chegado a este lugar.

Eles disseram à Alabahun que naquele povoado elas tinham uma proibição, que era comer Eyin (fruto do Ikin). Elas levaram Alabahun ao pé de uma palma de Eyin e aquele tipo de Eyin não era o que ele conhecia, este era muito grande. O rei desta cidade não podia comer Eyin. Ele foi advertido que se ele comesse aquele fruto, as consequências iriam ser terríveis.

No entanto eles lhe impuseram esta proibição. Ele podia entrar em qualquer parte do palácio, porém existia uma casa onde ele não podia entrar. Este era o quarto menor do palácio. Assim o tempo se passou, até que um dia, ao saírem todos do palácio e Alabahun ficar sozinho, ele se perguntou:
Por que não posso comer Eyin, se este sempre foi o fruto do meu trabalho?
Ele disse:
Eles são tão bonitos e tão grandes!
Eu vou provar um!

Ele foi e comeu um, porém, pegou outros e os levou para seu quarto real para continuar comendo. Como Alabahun estava desfrutando do Eyin, Èşù o induziu dizendo:
Não vê que rico é o Eyin que disseram para você não comer?
Então, vê aquele quarto que te disseram para não entrar?
O que você está esperando para entrar nele!
E desta forma Alabahun foi induzido por Èşù, entrou no quarto e ele viu que ali estava a raiz da palma de onde havia caído seu machado e ao seu lado estava sua ferramenta.

Quando ele foi nomeado rei, suas roupas sujas foram tiradas e elas também estavam ali.
As pessoas da cidade agarraram Alabahun e o mandaram outra vez para fora, com a mesma roupa e sem nenhum dinheiro.

O que leva um Áwo a riqueza
Também leva um Áwo a pobreza
Que é a casa do pai da tartaruga.

Ifá diz que esta pessoa deve fazer ebo.

Este Ese explica como Alabahun teve a riqueza por meio de ebo que os Áwo realizaram, porém, ao mesmo tempo os mostra que tão importantes é o respeito ao quarto, pois, ainda que o ebo tenha lhe trago toda riqueza, ele rompeu com o tabu e isto o levou novamente a mesma pobreza que ele já havia vivido com muito sofrimento.
De que valeu o sacrifício feito, se não respeitou as proibições?
De nada.
Por esta razão é que explicamos que tão importante é conhecer e realizar os sacrifícios e mais importante ainda é respeitar os tabus ditados por Ifá.

Muitos sacerdotes tanto de Ifá como de Òòșà (Òrìșà), são consagrados (iniciados) corretamente na religião, porém, muitos não conhecem seus èèwò e o que é pior, os conhecem e não os respeitam.
E quando seus assuntos começam a dar errado, com certeza sua vida se tornará um calvário.
O respeito aos tabus (èèwò) deve ser levado muito a sério, para que sua vida não se torne um rio de lamentações.
Os sacerdotes de Ifá e Òòșà, devem levar sito muito a sério, para ter uma vida mais tranquila e com menos inconvenientes, pois, se os ebo nos levam a prosperidade, o respeito ao tabu nos faz manter esta mesma prosperidade.

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