quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Òsàlá- O Grande Òrìsà



Principal divindade cultuada dentre os Òrìsà na escala religiosa. Sua cor branca representa sua própria essência ética e seu princípio criador. Ele é revestido de um poder absoluto em razão do Odù com que foi investido. A teologia yorubá o denomina “o gerado por Olódùmarè” no sentido de que todos os seus atributos derivam diretamente do Ser Supremo.

Òrìsà Funfun, divindades do branco, é a denominação dada à linhagem de divindades identificadas com a cor branca.


Òsàlá é a forma reduzida a expressão Òrìsà nlá, ou Òrìsàálá - o Grande Òrìsà - título dado a Obàtálá, para diferenciá-lo das demais divindades na escala hierárquica.




É visto como pai de todos os Òrìsà e a maior de todas as divindades, sendo por isso descrito pelos mais antigos como a imagem ou o símbolo de Olódùmarè na Terra. Um de seus títulos evidencia sua posição - Ibìkejì Èdùmàrè, a segunda pessoa de Olódùmarè, ou ainda, o seu vice-regente aqui na Terra, numa referência ao fato que os atributos de Olódùmarè são revelados através dele. Por este motivo, durante muito tempo os estudiosos o confundiam com o Ser Supremo.


Òsàlá representa o princípio criador e formalizador das idéias, daí ser denominado Elédá, o criador, em razão de Olódùmarè o ter indicado para a criação da Terra, com todos os seus atributos, e também para a criação do homem físico. As águas, Omi, e o barro primordial, Amò(n), são os elementos utilizados por Òsàlá para moldar o ser humano para, depois, Olódùmarè insuflar nele o princípio vital, o Emí, representado pela respiração, que irá lhe dar a vida. Essa tarefa de esculpir a figura física o faz ser chamado de Alámò(n) Rere, o perfeito escultor, embora muitas figuras humanas sejam esculpidas com deficiências físicas.



Amò(n) é o barro utilizado para a confecção de uma pequena vasilha denominada quartinha e que acompanha todos os assentamentos de Òrìsà. Por ser de barro natural e sem qualquer tipo de pintura, a água colocada em seu interior transpira e evapora, necessitando, assim, de um abastecimento constante. É uma lembrança do ser, feito do barro primordial, com o elemento da vida, Èmí.


Esse trabalho de criação o fez ser investido da condição de Alábáláse, aquele que tem o poder de criar com autonomia, aquele que sugere, Abá, e realiza com autonomia, Àse. É a dotação de um atributo de autoridade suprema para falar, agir e ser obedecido. Criar como bem lhe aprouver justifica a criação dos seres humanos perfeitos ou defeituosos: Abuké (corcunda), Àfin (albino), Kólòlò (gago), Aro (coxo), Iràrá (anão), Odi (mudo), Yaro (aleijado), Olójukan (caolho), Apákan (um braço só), Itíkan (uma orelha só), Ègbà (paralisia), Adití (surdo-mudo)...


Òsàlá dá forma às crianças e coloca-as no útero de suas mães. É assim o responsável pelas caracterizações normais e anormais dos seres humanos. As deformidades apresentadas ou que aparecem mais tarde, todas são encaradas como marcas especiais do poder de Òsàlá. A seguinte oração é típica das muitas que são recitadas:


“Aláàbáláàse
Ata ta bí àkún
Òrìsà so mí di eni
So mi di eni èye
Obàtálá ma fiké pòn mi
Omo ni o fi fún mi”


“Aquele que sugere e determina
Aquele que é muito poderoso
Torne-me uma pessoa competente e honrada
Não ponha uma corcunda nas minhas costas
É uma criança(filho) que deve me dar.”


Para uma mulher grávida é dito:


“Ki Òrìsà ya’nà ire ko ni o.”
Que o Òrìsà crie uma boa obra de arte.


Dar filhos às mulheres estéreis e modelar a forma da criança no ventre materno originou o seguinte cântico:


“Eni s’ojú, se’mú


Òrìsà ni ma sìn
Adá’ni baú ti ri
Òrìsà ni ma sìn
Eni rán mi wá
Òrìsà ni ma sìn”


“Aquele que faz os olhos, faz o nariz
É o Òrìsà a quem vou cultuar
Aquele que cria como quer
É o Òrìsà a quem vou cultuar
Aquele que me enviou aqui
É o Òrìsà a quem vou cultuar”




Tudo o que é seu é branco: roupas, contas, comidas, animais, insígnias; o que representa a pureza moral e ética da qual é revestido.


ORÍKÌ



Bàbá nlá! Oko Iyemowo
Ibi rere l’órísá ka'le
Òrìsànlá atererekáiye
Òrìsà nlá Adìmúlà
Olójú kará bi ajere
Èwù rè funfun ni
Adàgbà je ìgbìn
Eni olà etì!



"Grande pai, marido de Yiemowo
O lugar feliz é onde ele está assentado

Grande Òrìsà que reina sobre todas as coisas
O grande Òrìsà Salvador
Ele tem olhos que vêem tudo
O manto dele é branco
O velho que come caramujo
Um ser nobre e imutável."


(Fonte: Livro "As Águas de Oxalá: Àwon Omi Òsàlá" de José Beniste)

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