sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A COSMOLOGIA YORUBANA

No princípio dos tempos existiam dois mundos: o Orum, o espaço sagrado dos orisás, e o Aiyê, o espaço dos seres vivos. Os orixás são os santos do candomblé, representantes das forças da natureza, que têm ligação direta com os elementos água, fogo, terra e ar, e tudo o que está contido neles.No Aiyê, então, só existia água. Foi quando Olodumaré, Deus supremo dos iorubás, resolveu recriar o espaço para a humanidade. Para essa tarefa incumbiu seu filho primogênito, ORINSALÁ (o nome mais sagrado de Osalá). Entregou-lhe um saco (apo iuá) contendo ingredientes especiais -- a terra inicial, a galinha de cinco dedos, uma pomba e um camaleão. A terra deveria ser lançada sobre a imensidão das águas. A galinha de cinco dedos deveria ir ciscando a terra para alargá-la o mais que pudesse. A pomba, ao voar, orientaria a extensão da terra expandida. E o camaleão, atento à tudo, observaria a execução da tarefa atribuída a Orisanilá, para reportar os fatos à Olodumaré.Assim, com seu cajado (opasorô) e o saco da criação (apo iuá) Orisanilá iniciou sua caminhada do Orum para o Aiyê, o planeta Terra habitado pelos seres vivos. Entretanto, no meio do caminho, sentiu-se cansado e com sede. Parou para descansar e bebeu um pouco de emu (vinho da palmeira do dendezeiro). A interrupção de sua jornada, por outro lado, era a oportunidade que seu irmão caçula, ODUDUA, precisava para competir perante os olhos de seu pai, Olodumaré, nessa tarefa de grande importância. Então enquanto Orisanilá dormia, Odudua pediu a seu pai que ele cumprisse tal tarefa, o que foi permitido. Olodumaré, por sua vez, lhe disse com autoridade: "Assuma a missão de criar a terra dos seres vivos", o que foi feito prontamente.
Depois da galinha ciscar a terra, a pomba orientar a sua expansão e o camaleão verificar se a tarefa foi cumprida, no terceiro dia Odudua criou a terra firme, que passou a chamar-se ILÊ IFÉ (que no idioma iorubá significa "terra que foi sendo ciscada"). Criou ainda, do barro e da água, bonecos inanimados de todas as formas e de todas as cores esculpidas por suas mãos. Orisanilá mostrou-se, perante o pai, arrependido do seu ato de irresponsabilidade. E para que não se sentisse tão humilhado, Olodumaré resolveu, em um supremo ato de inspiração, dar a Orisanilá outra tarefa de tanta importância quanto a primeira, e ainda mais nobre: a de conceber a vida nos bonecos inanimados. E assim ele soprou nas narinas do boneco de barro, criando os seres humanos.Esse sopro da vida é chamado pelos iorubás de emi. Assim, Odudua é o criador de Ilê Ifé, primeira cidade do mundo para os iorubás. E Orisanilá é o concessor da vida, aquele que dela dispõe, por ter criado os seres humanos.


ORÚN = O CÉU, O ALÉM, O ESPAÇO SOBRENATURAL, O OUTRO MUNDO, OUTRO PLANO.
AIYÉ = TERRA ,O MUNDO. O UNIVERSO FÍSICO CONCRETO.

ÌTÀN (LENDA) da separação AYIE-ORÚN:
Havia uma mulher estéril que insistia em ORISALÁ (divindade mestra da criação dos seres humanos), para que pudesse gerar um filho, diante da insistência ele permitiu com a condição de este filho, jamais pudesse sair do AIYÉ. O garoto ao atingir puberdade, despertou a curiosidade de ir ao Orún, um dia fugiu de casa, ultrapassou os limites do aiyé e entrou em orún gritando e desafiando Orisalá , atravessou os vários espaços que compõe o Orún até chegar em Orisalá. Este irritado lançou seu òpàsòro (cajado) que veio cravar-se em aiyé, separando-o para sempre de orún e entre os dois apareceu o SANMÒ (céu-atmosfera).Existem nove espaços de orún (quatro deles situados sob a terra).Um dos nomes mais conhecidos de OYÁ IGBALÉ (igbalé= voltar à terra, aquela que varre a terra )patrona dos mortos, é YÁSAN que deriva do seu ORÍKI: IYÁ-MESAN-ÒRUN - Mãe-dos-nove-òrun. É também saudada como Alákòko, senhora do òpákòko, tronco ou ramo da árvore akòko, tronco ritual que liga os nove espaços do orún ao aiyé, e o "assento" consagrado onde serão invocados ao ancestrais.



A PRIMEIRA FILHA DE ORISÁ


Obatalá... Espera, Osun! Não posso interferir no processo de vida e morte, mas tenho, como tu mesma tens poderes para criar e consagrar símbolos que perpetuem um ser. Que o represente em qualquer situação e que possa ser renovado constantemente. Um símbolo vivo de alguém que já morreu!
E este símbolo deverá participar de todos os rituais em nossa honra! E representará, com sua presença, não só a presença de seu pupilo, como também de todos aqueles que um dia receberam o sagrado OSU, que estabelece a aliança firmada entre o iniciado e seu Orisá! Um símbolo que possa representar também a Terra, onde habitam seus corpos depois de levados por IKU!

A GALINHA D'ANGOLA gritaram todos em uníssono.
Osun providenciou, imediatamente, uma galinha d'angola, que naquele tempo era inteiramente preta, e Obatalá lá soprou sobre ela pó de efun, pintalgando-a de branco, como hoje ela é. Osun, então, modelou, com manteiga de orí da Costa, um cone ao qual acrescentou diversos componentes mágicos, e fixo-o sobre a cabeça da ave, dando a ela o status de ODOSU (aquele que possui OSU), que distingue os iniciados no Culto dos Orisás.
OBATALÁ sentenciou: A partir desse dia, serás representado, em todos os rituais, por ETU, a galinha d'angola. Qualquer ritual em que ela não estiver presente, não será por nós validado. Esta ave é, a partir de agora o símbolo dos iniciados do qual foste o precursor e , por isso nascerá provida de OSU e da pintura de efun que é feita em minha honra!
É por isso que, ainda hoje, a galinha d'angola deve estar presente em todas as cerimonias em honra aos Orisás, e uma parte dela compõe o OSU, que é colocado sobre a cabeça do neófito na hora de sua iniciação.


Ancestralidade
Na Cultura Jeje-Nagô ,a vida não se finda com a morte.
Àtúnwa, É O Nome Dado Ao Processo Divino De Existência Única:

A Continuidade Da Vida. Olodumarê , O Supremo Deus Yorubá

No Momento Do Nascimento Oferece Aos Homens Um Conjunto De Forças Sagradas Que Possibilita A Vida.São elas:

Ara: O Corpo Físico Vindo Da Lama.
Ese: Elementos Do Organismo Humano.
Okan: Coração Físico E Espiritual - Órgão Que Centraliza O Poder De Vida E Sede Da Inteligência, Do Pensamento E Da Ação.
Ojiji: Essência Espiritual.
Emi: O Sopro Divino De Vida.
Ori: A Individualidade E A Identidade.
Odu: O Destino E O Caminho A Ser Percorrido.
Asé: Força Movimentadora Da Vida.
Orisá: Guardião De Cada Existência Humana.

Todos Estes Aspectos Não Morrem...Voltam As Suas Origens, Isto É, Ao Orun, Pois Pertencem A Olorun E Só Ele Pode Liberá-Las. Estas Forças Divinas, Animaram Os Antepassados, Os Ancestrais, As Raízes Mães Do Asé Orisá, Ao Partirem Do Aiyê E Voltam Ao Aiyê Para Animar Seus Descendentes E Discípulos. A Ancestralidade Confirma A Imortalidade, Pois A Vida Continua No Orun Como Ancestrais.Do Orun A Ancestralidade A Tudo Assiste.No Culto De Orisá, Ancestrais Significa:"Aqueles Que Um Dia Tiveram A Energia De Vida No Aiyê E Que Cuja Energia De Vida É Repassada As Novas Gerações, Garantindo A Continuidade Da Vida E Do Culto Aos Deuses Africanos. "Como Conclusão A Vida Presente Depende Da Vida Passada De Nossos Ancestrais.

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