sábado, 14 de maio de 2016

KURAS E DIJINA

KURAS - Durante o primeiro processo de iniciação, que normalmente tem a duração de 21 dias, são diversos os rituais que têm lugar, e pelos quais os iniciados têm que passar para poderem receber o seu Orixá de forma íntegra.
São tomados diversos cuidados para que o iniciado possa de facto, dali para a frente estar munido do conhecimento necessário, mas também de defesas necessárias, uma vez que vai nascer para a sua “nova vida”.
Não se trata só de munir e proteger o espírito das defesas necessárias, mas também o seu corpo físico, e nesse âmbito, são feitas as chamadas Kuras.
As Kuras são incisões feitas no corpo do iniciado, que por um lado representam o símbolo de cada tribo, como o símbolo de cada Nzó, mas têm o objectivo de fechar o corpo do iniciado, protegendo-o de todo o tipo de influência negativas.
Para isso são feitas as incisões (o que chamamos de abrir) e nessas incisões é colocado o Atim (pó) de defesa para aquele iniciado. O Atim tem uma composição base de diversas plantas e substâncias, mas o Atim utilizado para as Kuras, contêm também as ervas do Orixá daquele iniciado em quem ele vai ser aplicado.
Sabemos que em algumas casas a Kura pode também ser tomada como infusão de ervas, porém na maioria das Casas de Candomblé, as Kuras, que são de origem Africana, são feitas como incisões ou cortes, e nesse cortes são colocados pequenos punhados de Atim, para que esse Atim penetre no corpo e o proteja de males exteriores enviados contra a pessoa.
Normalmente, as Kuras são feitas no peito, dos dois lados, nas costas, também dos dois lados e nos braços, evitando assim que de frente, de costas ou no manuseio de qualquer coisa algo negativo possa entrar no corpo do iniciado.
Além dessas, na feitura do Santo, abre-se também o Farim, que é uma Kura no centro do Mutuê (cabeça), que por um lado impede também que algo de mal possa entrar na cabeça do iniciado, mas que facilita também a ligação com o seu Orixá. É comum também fazer-se na sola dos pés para evitar que o pisar de algo negativo possa interferir com o iniciado, havendo ainda, alguns Zeladores que fazem uma Kura na língua, para que os mesmos não comam comidas “trabalhadas” e caso as comam, para que essas comidas não lhe façam mal.


DIJINA - Dijína, palavra de origem kimbundu Rijina, dialeto bantu que significa "nome". Nos candomblés de origem Bantu, o nome do Orixá da pessoa deve ser secreto, não se diz em público, somente o Zelador de Santo deve conhecer. Os iniciados após a feitura recebem uma dijina (apelido) um novo nome de batismo, que a partir de então é conhecida por todos no dia do nome, sendo conhecido e chamado somente por este nome dentro do culto religioso.

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